Em geral no Brasil, encontramos um tipo de grafismo, denominado grafismos rupestres, que em alguns anos vem sendo estudados, despertando interesse de curiosos  e pesquisadores, com indagações que vão desde da sua origem ao seu significado.  

         O Tocantins é coberto predominantemente pelo bioma cerrado, que carrega um conjunto biogeográfico diversificado e peculiar, constituído por interações, marcada pelo dinamismo sócio ambiental. A presença humana desde a pré-história vem participando desse caldeirão ecológico e deixando seus registros mais longínquos, evidenciando interações que resultaram nas características ambientais da atualidade. Somos hoje fruto de todos os processos históricos do passado. E quando mergulhamos mais a fundo, entramos em profundidade pouco conhecida, mas necessária de serem acessadas, na ultrapassagem da cronologia histórica de “ocupação” europeia nas américas. Que represente nesse calendário milenar uma cronologia muito minúscula, em detrimento dos milhares de anos de ocupação dos povos originários. Conhecemos muito sobre a Europa, vivemos um sistema político eurocêntrico que impôs e impõem um anulamento de nosso passado, por isso, desconhecemos a história do lugar onde moramos. Nossas raízes se encontram num submundo ocultado pelo processo colonizador. É chegado a hora, mesmo que tardiamente, de nos reencontrar com nosso passado para dar vitalidade a nossa autenticidade enquanto cidadão americano, brasileiro e tocantinense.

       Existem nas encostas das serras muitos sítios arqueológicos e presença significativa de pinturas rupestres, como é o caso da Serra do Lajeado. Percebendo nesse contexto uma diversidade que se correlaciona com as características biogeográficas peculiares, onde as interações ambientais e humanas ocorriam a milhares de anos. Nesse sentido foi elabora este projeto com a intenção de servir aos tocantinenses com informações sobre a importância desse patrimônio arqueológicos, presentes em nosso Estado, que contam por meio de pinturas um pouquinho de nossa história ancestral.

        O propósito deste trabalho é oferecer uma pequena contribuição sobre a importância de nosso patrimônio histórico, ao buscar da visibilidade por meio de fotografia dos sítios e encontrar as diferenças e semelhanças entre as pinturas rupestres e a fotografia, como elemento artístico, informativo e educacional, em suas diferentes épocas. A arte e a comunicação se utilizam tanto das técnicas como da sensibilidade do artista, oportunizando no caso da fotografia e das pinturas rupestre, resultados importantes, tanto no âmbito da linguagem, quanto da interação com meio. Ouve uma evolução humana no ato de registrar acontecimentos e coisas, das pinturas ancestrais ao registro fotográfico.

         Pretendemos correlacionar o ato de fotografar com o ato de fazer as pinturas, buscando uma aproximação entre essas duas formas de expressão artística, para refletir sobre imagem, documento, arte, comunicação e memoria, por meio das exposições e palestras. Visando tornar mais lúcidas algumas questões, ao mesmo tempo trazendo mais atenção da sociedade para o assunto.

          O fotógrafo Fernando Amazônia, sempre trabalhou imerso no universo cultural para tratar de temática ambiental. Buscou na Geografia, sua formação, aliando o universo acadêmico, com a fotografia e sua atuação como ativistas das questões socioambientais. Foi nesse trilhar, com diferentes vivências na serra do lajeado e com admiração as obras desses artistas ancestrais, que veio as inspirações para elaboração desse projeto.